Procuradoria destaca que ex-assessor
e Temer tinham relação "muito além de funcional" e afirma que versão
de Loures para o episódio é "fantasia"
Fonte: IG
reprodução/pf
Rocha Loures foi filmado pela PF recebendo mala com R$ 500
mil da J&F
O Ministério
Público Federal (MPF) entregou alegações finais à Justiça nesta sexta-feira
(11) pedindo a condenação do ex-assessor de Michel Temer (MDB) Rodrigo Rocha
Loures pelos crimes de corrupção passiva e concurso de agentes.
Por iG São
Paulo | 11/01/2019 19:28 - Atualizada às 11/01/2019 20:07
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Procuradoria
destaca que ex-assessor e Temer tinham relação "muito além de
funcional" e afirma que versão de Loures para o episódio é
"fantasia"
Rocha Loures
foi filmado pela PF recebendo mala com R$ 500 mil da J&F
O Ministério
Público Federal (MPF) entregou alegações finais à Justiça nesta sexta-feira
(11) pedindo a condenação do ex-assessor de Michel Temer (MDB) Rodrigo Rocha
Loures pelos crimes de corrupção passiva e concurso de agentes.
A
manifestação se refere à ação penal que investiga o recebimento da mala com R$ 500 mil enviada
pelo grupo J&F a Rocha Loures . O episódio, ocorrido em abril de 2017, foi
todo filmado pela Polícia Federal, com apoio do empresário Joesley Batista e do
executivo Ricardo Saud, e deu início à maior crise do governo Temer .
No
documento, enviado ao Juízo da 15ª Vara Federal de Brasília, os procuradores
alegam que Loures "agiu com vontade livre e consciente" para "intermediar"
o recebimento de propina do grupo empresarial, então controlado por Joesley, em
benefício do hoje ex-presidente da República Michel Temer .
O MPF narra
que Temer e Loures tinham "vínculo de confiança" e uma relação que ia
"muito além de uma relação funcional". A quantia de R$ 500 mil
contida na mala da JBS recebida pelo ex-assessor do presidente era o primeiro
pagamento de uma promessa de repasses semanais que poderiam chegar a R$ 38
milhões.
De acordo
com a Procuradoria da República no DF, Joesley ofereceu a propina a Temer para
que este intervisse a seu favor no âmbito das atividades da EPE (Empresa
Produtora de Energia) Cuiabá, controlada pelo grupo J&F. O empresário
reclamava que a companhia perdia R$ 1 milhão por dia por conta da política para
compras de gás da Bolívia tendo a Petrobras como intermediadora do negócio.
Rocha Loures e o recebimento da mala
reprodução/pf
Rocha Loures se tornou pivô de crise do governo ao ser
filmado em ação controlada recebendo mala com R$ 500 mil
Temer,
então, escalou Loures para cuidar do assunto, enquanto Joesley encumbiu Saud de
acertar os detalhes para a entrega do dinheiro. Os dois se encontraram em duas
ocasiões, ambas gravadas pela PF: uma no dia 24 de abril de 2017, e outra
quatro dias mais tarde.
Nesse
segundo encontro, realizado no shopping Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo,
Loures e Saud definiram que o pagamento em espécie seria a melhor maneira de
receber a propina. Os dois, então, dirigiram-se para uma pizzaria na região dos
Jardins, onde Saud entregou a mala com os R$ 500 mil ao ex-assessor de Temer.
Loures
argumentou à Justiça que não sabia que
se tratava de uma proposta ilícita e que nem sequer "gostou" de Saud.
O MPF, no entanto, alega que o ex-assessor e ex-depitado "em nenhum
instante se demonstra surpreso com as ofertas realizadas por Saud, não pedindo
esclarecimentos adicionais".
"O réu
alega que não compreendia que os valores que Ihe eram apresentados se referiam
à propina, contudo, em nenhum momento esboçou estranhamento ou questiona aquilo
que poderia ser um mal entendido. Ao contrário, observase que os diálogos fluem
normalmente com a participação do réu, que aparenta entrosamento e domínio do
assunto", dizem os procuradores.
O MPF diz
ainda que a versão apresentada pelo ex-assessor representa "fantasia"
e induz a crer que houve uma situação "na qual se coloca como uma
verdadeira vítima da perseguição".
Rocha Loures
chegou a ficar preso na Papuda, em Brasília, após o caso vir a público, mas
depois recebeu autorização para cumprir prisão domiciliar. Ele usou
tornozeleira eletrônica por 1 ano e 4 meses, até que, em novembro, ele foi
liberado de usar o equipamento . A defesa do ex-assessor de Temer ainda não se
manifestou sobre as alegações finais da procuradoria.
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