JORNAL TERESINA NEWS
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sexta-feira, 10 de março de 2017

Conheça como é a vida perto da barreira monumental entre México e EUA

Da AFP – Com o debate sobre os planos do presidente Donald Trump de construir um muro entre os Estados Unidos e o México em ebulição, três fotógrafos da AFP decidiram percorrer a fronteira para oferecer uma visão mais próxima desta zona na berlinda.
Jim Watson, da redação de Washington, percorreu o lado americano; e Guillermo Arias, correspondente em Tijuana, junto com Yuri Cortez, chefe da fotografia da redação na Cidade do México, percorreram o lado mexicano.
Foram necessários dez dias para fazer o percurso de mais de 3.100 km de fronteira e realizar o AFP Border Project 2017.
Os jornalistas sentiram o medo despertado pelos cartéis de drogas no lado mexicano e uma calma inquietante no lado americano. Havia sinais de migrantes, mas, fora uma mulher com um bebê, ninguém à vista.
Também viram americanos cruzando a fronteira para o México em busca de serviços de saúde e medicamentos baratos e mexicanos indo para os Estados Unidos para trabalhar em fazendas.
Adolescentes gravando música junto ao rio. Pessoas deportadas dos Estados Unidos que vivem perto da fronteira porque o resto de sua família ficou do outro lado. Um homem caminhando com seu cachorro junto a uma rodovia, pensando em não parar até chegar à costa leste.
Nos dois lados da fronteira, nossos jornalistas encontraram a angústia ante a perspectiva de que um muro seja mesmo construído. Às vezes viam uma cerca imponente e uma barreira serpenteando ao longo do limite fronteiriço.
A seguir, uma versão resumida dessa aventura vivida pelos jornalistas da AFP. A versão multimídia completa pode ser lida no site da agência.
Do lado americano- Por Jim Watson
El PASO, Texas, EUA: Com tudo que li e ouvi sobre a fronteira entre os Estados Unidos e o México, visualizei uma zona limítrofe porosa, que dezenas de migrantes ilegais cruzavam todos os dias. Achava que diariamente ia ver gente correndo para o outro lado. Mas, durante os dez dias em que estive ali, não vi um único migrante ilegal.
De fato, quase não vi ninguém, exceto um homem, que decidiu caminhar acompanhado de seu cachorro do Texas até a Califórnia, ida e volta. Mas isso contarei adiante.
Algo que me chamou a atenção do nosso lado da fronteira foi o fato de ser inquietantemente silenciosa. Como uma zona morta, sem viva alma. Durante alguns dias, não conversei com ninguém. No final, acabou sendo uma cobertura muito solitária.
Quando ocorreu fazer esta história, não tinha uma ideia precisa de como via a fronteira entre os dois países. A maioria dos americanos também não sabe quanto de barreiras fronteiriças já existem. Ao longo de grande parte do caminho, há uma cerca de metal e sua extensão já é impressionante. As pessoas falam como se não houvesse nada ali, mas uma parte importante da fronteira já está fechada. Especialmente perto das zonas mais povoadas.
– No lugar deles –
Em um determinado ponto da viagem, vislumbrei um pouco do desespero sofrido pelas pessoas que cruzam a fronteira. Foi durante o terceiro dia, quando acabava de chegar às dunas Imperial, na Califórnia. Havia uma distância de cerca de 1,5 km até a barreira fronteiriça, onde uma equipe de construtores trabalhava. Pensei que poderia render boas fotos, por isso me aproximei.
Parei nas marcas que haviam sido deixadas pelo maquinário pesado, dessa forma meus pés afundavam na areia. Uma vez tiradas as fotos, dei meia volta na direção de meu carro alugado. O caminho de volta foi pior, a cada passo meus pés afundavam uns 15 centímetros, estava ensopado de suor e tinha esquecido minha garrafa de água no carro.
Foi então que acordei para a realidade. Era assim que deviam se sentir os migrantes, pensei. Eu só carregava duas câmeras, mas muitos deles carregavam seus filhos e seus pertences. Só havia atravessado uns 3 km, enquanto que os migrantes têm de caminhar através de um deserto implacável. Sabia que a garrafa de água me aguardava no carro, mas eles não sabem quando poderão beber algo.
Como alguém pode fazer isso?, me questionei. Devem estar loucos ou completamente desesperados. Ninguém faria isso apenas por fazer, realmente devem ter uma boa razão e isso deveria significar algo. Posso dizer que por alguns quilômetros me coloquei no lugar deles. Quase…
Os trabalhadores migrantes também me impressionaram. Conversei com alguns deles enquanto desciam de um ônibus em San Luis, Arizona. Um homem me contou que acorda todos os dias às 2 horas da manhã, cruza a fronteira, entra às 4 horas na fila para pegar o ônibus que o leva ao trabalho em uma plantação de alfaces. Trabalha dez horas, a dez dólares a hora. Volta para o ponto de ônibus às 5 horas da tarde, caminha um quilômetro até a fronteira e volta para casa no México, onde chega por volta das 8 ou 9 horas da noite. Faz isso diariamente. Pode imaginar esse tipo de vida. É simplesmente uma loucura.
Fonte: Yahoo

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