Garota está internada
em estado grave; outras duas também estão no hospital e uma já teve alta.
Polícia investiga caso, deve intimar vítimas e aguarda laudo da perícia.
Isabela Vieira, de 16 anos, está internada em estado grave
no Huana, em Anápolis (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
O irmão da adolescente Isabela do Amaral Vieira, de 16 anos,
uma das quatro garotas que foram arremessadas de um brinquedo em um parque de
diversões de Ceres, região central de Goiás, testemunhou o acidente. O
empacotador Roger do Amaral Vieira, 18, contou que viu menina "voando e
caindo de cara no chão". Ela está internada em estado grave. Outras duas
feridas também seguem internadas e uma já recebeu alta. Duas delas não sentiram
a barra de segurança travar antes do brinquedo rodar.
O acidente aconteceu na madrugada de domingo (26), no
brinquedo Surf, que simula uma o movimento de uma prancha sobre as ondas. Roger
relata que se assustou quando viu o que havia ocorrido e espera que a irmã
melhore.
"Ouvi o estralo e do nada eu vi minha irmã já saindo
voando para fora e caindo assim de cara no chão. Quero o melhor, que ela possa
melhora mais e volte para casa boa do jeito que ela era”, contou.
Isabela teve de passar por uma cirurgia para retirar um rim.
Ela está internada no Hospital de Urgências de Anápolis (Huana). A unidade de
saúde informou, na manhã desta segunda-feira (27) que o quadro dele é
considerado grave.
Das outras três vítimas, duas também seguem internadas, mas
no Hospital Ortopédico de Ceres. Thalia Aparecida Pires, de 16 anos, machucou o
braço, e o abdômen, além de passar por uma cirurgia na perna por conta de uma
fratura exposta. Há previsão que ela tenha que passar por mais um novo
procedimento no membro.
Amiga de Isabela, ela disse ao G1 que foi duas vezes seguidas
no brinquedo e que, quando o acidente acontece, a velocidade era muito maior.
"Da primeira vez estava normal, mas na segunda, estava
rápido demais. Teve uma hora que rodou tão rápido que fui jogada para cima, caí
em uma barra de ferro e desmaiei. Fui a primeira. Aí uma pessoa me puxou para
eu não ser esmagada. Acho que poderia ter sido evitado", acredita.
A adolescente Mariane Oliveira Dias, de 16 anos, também está
na mesma unidade. Ela quebrou o punho e o tornozelo. Operada, ela também deve
passar por nova cirurgia. A mãe dela, Joana Darc de Oliveira Dias, também
relatou que, segundo a filha, o brinquedo estava muito rápido.
Mariane, Talia, Tatiele e Isabela se feriram em acidente com
brinquedo em parque de diversões (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
"Ela teve uma pancada na cabeça, está com a panturrilha
roxa e escoriações nas costas. Mas está bem graças a Deus", disse a mãe
dela, Tatiane Agnes de Carvalho Evangelista.
Investigação
Logo após o acidente, o responsável pelo parque e o operador
do brinquedo foram conduzidos à delegacia e prestaram depoimento. Após a
oitiva, eles foram liberados. O delegado Fábio Mendanha Castilho foi quem
realizou a apuração inicial. O G1 tentou contato com ele, mas as ligações não
foram atendidas até a publicação desta reportagem.
O G1 não conseguiu contato com o responsável pelo parque, com
o operador do brinquedo ou com as defesas deles.
De acordo com o delegado Matheus Costa Melo, que irá
investigar o caso, as vítimas serão intimadas a depor à medida em que forem
liberadas do hospital.
"A princípio, o caso foi tratado como lesão corporal
culposa. O brinquedo foi interditado e o parque está sendo desmontado. É fato
que a barra de proteção se soltou. Mas precisamos aguardar o laudo da perícia,
que já foi realizada, para saber a real causa do acidente", explicou ao
G1.
Problemas antigos
O promotor de Ceres, Marcos Rios, publicou em uma rede social
que já havia solicitado da prefeitura da cidade confirmação de que o parque
cumpria as normas de funcionamento. Segundo ele, a administração do município garantiu
que o espaço atendia a todos os quesitos necessários.
“Eu percebi que havia coisas erradas. A situação das
instalações, dá para ver quando não tem estrutura para fazer uma coisa
envolvendo criança. A gente ficam em dúvida. Tem brinquedo instalado em cima de
toco, tora, pedaço de madeira. É perigoso”, avaliou.
Peritos e policiais analisam brinquedo que deixou
adolescentes feridas (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros)
Marcos recordou ainda que, em agosto de 2017, a Justiça havia
determinado a interdição imediata do estabelecimento. Segundo o promotor, na
época, o parque ficou fechado por alguns dias.
“No ano passado nós conseguimos uma liminar da Justiça, mas o
município e o parque fizeram adequações, mostraram ao juiz que liberou o espaço
para funcionamento”, afirmou.
A Prefeitura de Ceres divulgou em uma rede social uma nota de
esclarecimento sobre o acidente. Conforme a administração do município, “foram
adotadas as devidas providências cabíveis para a liberação do alvará de
localização e funcionamento do referido parque, sendo que todos os órgãos de
fiscalização estavam cientes da documentação apresentada”.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o parque tem Certificado de
Conformidade do Corpo de Bombeiro Militar (Cercon). Além disso, a direção
apresentou a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e laudos de todos os
brinquedos, que estavam aptos para funcionar.
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