Três pessoas foram presas. Banqueiro Eduardo Plass
é sócio do TAG Bank, com sede no Panamá, e operou com a H.Stern, que assinou
acordo de leniência.
Fonte: G1Eduardo Plass chega à sede da PF, na Zona Portuária (Foto: Reprodução/TV Globo)
O banco é relacionado ao esquema de corrupção que uniu o
ex-governador do RJ Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista. Plass mora em
Londres, mas estava de passagem pelo Rio, o que alertou as autoridades. Também
foram presas Maria Ripper Kos, sócia de Plass, e Priscilla Moreira Iglesias.
Os procuradores descobriram que offshores de Plass (empresas
em paraísos fiscais) foram usadas para adquirir joias pelo ex-governador na
H.Stern. O Ministério Público afirma que a prática fazia parte do esquema de
lavagem de dinheiro da corrupção. A rede de joalherias assinou acordo de
leniência e ressalta colaborar com as autoridades.
(Correção: na publicação desta reportagem, o G1 errou ao
informar que as empresas de Plass foram usadas por Cabral para comprar R$ 150
milhões em joias em esquema de lavagem de dinheiro. Na verdade, de acordo com o
Ministério Público Federal, as empresas de Plass lavaram um total de R$ 90
milhões para joalherias, dinheiro vindo de vários clientes, incluindo Cabral e
outros membros da organização criminosa. A informação foi corrigida às 8h33).
Ainda segundo as investigações, uma conta no TAG Bank foi
usada para o pagamento de 16 milhões de dólares (R$ 60 milhões) ao empresário
Eike Batista, transferência que já foi alvo da Operação Eficiência - que apurou
ocultação de mais de US$ 100 milhões do ex-governador Sérgio Cabral no
exterior.
Plass também é sócio do empresário que vendeu a cobertura em
que mora o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes. O banqueiro já tinha sido alvo
de mandado em 2016, na Operação Calicute.
O caminho do dinheiro
As investigações do MPF apontam crimes de lavagem de dinheiro
e evasão de divisas cometidos pelos investigados, comandados por Eduardo Plass.
O caminho do dinheiro na lavagem; Cabral foi um dos clientes
de Plass, afirma MPF (Foto: Claudia Ferreira/G1)
O esquema consistia no recebimento de dinheiro em espécie dos
diretores administrativos da H.Stern em Ipanema, Zona Sul do Rio, e,
posteriormente, transferência no exterior de valores de uma conta sob seu controle
(The Adviser Investmentes Limited S.A.) para uma empresa offshore de fachada
(Fleko S.A. ou Erposition S.A.), que, por sua vez, ainda transferia esses
valores para outra empresa offshore de fachada (Robilco S.A.), e que, por fim,
transferia os valores para a empresa holding do grupo da joalheria.
Para dar aparência de legalidade às transações, a equipe de
Plass assinava contratos fictícios de empréstimos com os diretores da H.Stern,
muitos deles com datas retroativas falsas, forjados como se fossem empréstimos
entre a The Adviser Investments e as offshores Fleko e Erposition, que recebiam
os valores no momento inicial de cada transação.
Assim, durante o período em que se realizaram essas
transações ilegais, entre 2009 e 2015, foi cometida série de crimes de lavagem
de dinheiro e evasão de divisas, pelos diretores da joalheria, que agora
colaboram com as investigações do MPF.
No total, foram entregues em espécie e transferidos no
exterior em dólares os valores equivalentes a US$ 24.371.000, em reais, mais de
90 milhões. O MPF pediu o bloqueio deste valor a título de reparação de danos e
valor equivalente a título de danos morais, totalizando o valor de R$ 181
milhões.
Agentes da PF no prédio do Leblon onde foi preso o banqueiro Eduardo Plass (Foto: Reprodução/TV Globo)
Perfil agressivo
Reportagem da revista “Época” de março de 2017 narra que
Plass foi sócio do banco Pactual, onde se destacou pela competitividade e
agressividade. Deixou a instituição em 2004 para abrir sua própria gestora de
recursos, a Opus, e abriu no Panamá – um paraíso fiscal – o TAG Bank. No pedido
de prisão de Eike Batista, os procuradores chamaram a instituição de “banco
obscuro”.
Ainda segundo “Época”, as investigações da Lava Jato tanto no
Rio quanto em Curitiba mostram que partiram de uma conta de Eike Batista no TAG
Bank pagamentos considerados suspeitos, por carecerem de justificativas
convincentes.
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