Em Minas, polícia deteve 61 suspeitos e,
no Rio, 42. Em Belo Horizonte, um homem ameaçou a mulher em frente aos
policiais e acabou autuado em flagrante.
Fonte: G1
A Polícia Civil prendeu, no estado de Minas Gerais, 61
suspeitos de violência contra a mulher durante operação "Não pertenço a
você", realizada nesta terça-feira, dia em que a Lei 11.340, mais
conhecida como Maria da Penha, completa 12 anos. Sete dos mandados foram
cumpridos em Belo Horizonte. Em um deles, o suspeito ameaçou a vítima de morte
em frente aos policiais.
A ação também ocorreu
no Rio de Janeiro, com 42 presos (leia mais abaixo).
“Durante o cumprimento, o agressor ameçou a vítima novamente
e falou que realmente agora iria matá-la”, disse a delegada chefe da Delegacia
Especializada no Atendimento à Mulher, Idoso e Pessoa com deficiência da
capital, Danúbia Soares Quadros.
Um outro homem foi preso suspeito de estuprar a filha de 14
anos. As outras prisões efetuadas em Belo Horizonte foram por lesão corporal e
violência psicológica.
De acordo com o superintendente de investigação e polícia
jurídica de Minas Gerais, Carlos Capestrano, 242 visitas a mulheres que pediram
medidas protetivas também foram realizadas no estado.
“O objetivo é a prevenção, principalmente a fiscalização da
medida protetiva e, normalmente, já estamos lidando com autores de atos de
violência. Então efetuamos as prisões para evitar casos de feminicídio”, disse
Capestrano.
Dezoito mandados de busca e apreensão também foram realizados
em todo o estado.
No Centro-Oeste, foram expedidos nove mandados de prisão,
busca e apreensão. Em Uberlândia foram expedidos cinco mandados de prisão; não
houve mandados de busca e apreensão. Oito policiais civis participam da ação.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, 42 suspeitos de violência doméstica e
sexual contra as mulheres também foram presos durante operação nesta
terça-feira. Segundo a delegada Gabriela Von Beauvais, quatro pessoas foram
presas por crime de feminicídio.
Lei Maria da Penha
Criada
no país para punir os autores da violência no ambiente familiar, a lei que
completa 12 anos nesta terça foi batizada de Maria da Penha, em homenagem a uma
das tantas vítimas de agressão, que lutou por quase 20 anos para responsabilizar
o ex-marido, que tentou matá-la e a deixou tetraplégica. A lei é considerada
uma das melhores
legislações do mundo no combate à violência contra as
mulheres pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Denúncias de violência
contra a mulher em 2018
Nos sete primeiros meses de 2018, a Central de Atendimento à
Mulher em Situação de Violência (Ligue 180) recebeu 79.661 denúncias com
relatos de abuso sexual, homicídio, cárcere privado e outros tipos de
violência. Os números mostram que, neste ano, foi registrado em média um caso a
cada 3 minutos e 50 segundos.
Os casos mais comuns são os de violência física e psicológica
– eles correspondem, respectivamente, a 46,9% e a 33,3% dos casos denunciados
por meio do telefone 180.
Casos de violência
contra a mulher
Crimes Número de casos
Violência física 37.396
Violência psicológica 26.527
Violência sexual 6.471
Violência moral 3.710
Cárcere privado 2.828
Violência patrimonial 1.580
Homicídio 994
Tráfico de pessoas 109
Violência obstétrica 43
Esporte sem assédio 3
Fonte: Central de Atendimento à
Mulher
Casos recentes
Só no DF, houve três feminicídios em menos de dois dias. A
última vítima foi Adriana Castro Rosa Santos, de 40 anos, assassinada na manhã
desta terça-feira (7). Adriana foi morta na porta de casa pelo ex-marido, o
policial militar Epaminondas Silva Santos, com quem tinha dois filhos. Ele se
matou após cometer o crime.
Na noite de segunda, um morador da Asa Sul foi preso por
suspeita de ter jogado a mulher da janela do apartamento. No domingo, um
taxista matou a mulher na garagem de casa, na quadra 405 do Recanto das Emas.
Em Guarapuava, no Paraná, o biólogo Luís Felipe Mainvailer
foi denunciado pela morte da mulher, a advogada Tatiane Spitzner, que caiu do
4ª andar do prédio onde moravam. Imagens de câmeras de segurança mostram que
Luís Felipe agrediu Tatiane por mais de 20 minutos antes da morte dela e que a
impediu de sair do local.
Ele foi preso tentando fugir para o Paraguai, segundo a
polícia. A perícia feita no local da morte constatou que Tatiane teve uma
fratura no pescoço, característica de quem sofreu esganadura.
Em Jaraguá do Sul (SC), Andreia Campos Araújo morreu por
traumatismo craniano após ser agredida pelo marido, Marcelo Kroin. Ela estava
grávida de três meses. Marcelo foi preso em flagrante.
Segundo o IML, a suspeita é de que Andreia tenha sido
espancada e até esganada. Marcelo já tinha registro na polícia por violência
doméstica contra a ex-mulher.
Marcelo Kroin foi preso por morte de Andrea Araújo (Foto:
Reprodução/Facebook)
Como denunciar
O serviço do número 180 é gratuito, funciona 24 horas por dia
e preserva o anonimato a quem denuncia. Segundo o governo federal, há muitas
mulheres que ligam apenas para solicitar informações ou encaminhamento para
serviços especializados.
As denúncias sobre violência, no entanto, representam uma
importante parcela da razão dos telefonemas. Nesta década, o Ligue 180 recebeu
844.123 relatos de violência contra a mulher.
Os relatos recebidas via telefone são encaminhados aos
sistemas de Segurança Pública e ao Ministério Público do local correspondente.
O governo federal ressalta que não somente mulheres que sofrem violência devem
ligar, mas também qualquer amigo ou familiar.
Além da medida protetiva, a mulher também tem direito a
atendimento por equipe multidisciplinar composta por psicólogo e assistente
social.
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